
Descoberta em 1865 pelo matemático e astrônomo alemão August Ferdinand Moebius (1790-
1868), a faixa de Moebius foi o embrião de um ramo inteiramente novo da matemática
conhecido como topologia, o estudo das propriedades de uma superfície que permanecem
invariantes quando a superfície sofre uma deformação contínua. é uma figura que é
muito estranha para nós que estamos habituados, no dia a dia, a que as coisas
tenham frente e verso, direito e avesso, claro/escuro, preto/branco, dia/noite,
sim/não, etc
A banda de Moebius opera uma subversão em nosso espaço comum de
representação.a Banda indiferencia as oposições, como o símbolo do Tao (Yin e
Yang),nele o preto origina-se do branco e o contém como semente (e vice-versa).
O direito e o avesso dessa fita passam a se achar em continuidade.
Além da aplicação na topologia, a Banda de Moebius também tem aplicações na arquitetura
Dar uma olhada aqui na “moebius house”:
http://www.unstudio.com/projects/name/M/1/118
Na arte: (Escher e Lygia Clark)
http://www.dl55.com.br/imag/moebius2.gif
Diz Lygia Clark: “...uma fita de Moebius quebra os nossos hábitos espaciais:
direita-esquerda, anverso e reverso, etc. Ela nos faz viver a experiência de um
tempo sem limite e de um espaço contínuo”. In: Livro-obra, 1983, p. 151.
A Banda de Moebius chegou, inclusivé, a ser proposto como um dos modelo
possíveis para a forma do universo.
A aplicação prática dela, no entanto, acabou por ser bem diferente: era usada
como correia em máquinas de todo o género, porque, como tinha aquela torção
no meio, desgastava ambos os lados da fita da mesma maneira.
Uma aplicação mais “gloriosa” da Banda de Moebius no entanto foi na Psicanálise
primeiramente por intermédio de Jacques Lacan e posteriormente se tornou a base da teoria
do psicanalista brasileiro M.D Magno. (ver aqui: Revirão: A Topologia da Banda de Moebius)
Lacan referiu-se por diversas vezes e em diversos momentos do seu ensino a esta
figura. Porque Lacan vai trabalhar tanto com essa banda de Moebius?
Ele faz a relação dessa estrutura moebiana com a fala e o sujeito.
O sujeito do inconsciente situa-se entre o sujeito do enunciado e o sujeito da
enunciação que através da lógica do oito-interior põe as duas cadeias em
continuidade. Buscar este sujeito intervalar é buscar um sujeito em repetição,
reproduzindo a falha do encontro por meio de sua busca na repetição, que tem
também, estrutura de oito-interior.
"Sou no lugar onde se vocifera, onde a voz como objeto é o que conta, não
o conteúdo que se diz." (Lacan)
naquele ponto da banda de Moebius em que interior e exterior se inespecificam, são
colocados em suspenso, um “lugar vazio” se apresenta: Che vuoi?.
o real que, na vertente do impossível, não pode ser simbolizado e, na vertente da repetição,
volta sempre ao mesmo lugar.
Os textos do psicanalista M.D Magno que usam a banda de moebius como uma metáfora do
funcionamento do psiquismo humano são brilhantes.
Há contudo, uma evidente continuidade no fenômeno humano. Essa continuidade é
o que a Banda de Moebius pode dar conta de representar.
gostei muito do seu texto. o encontrei por acaso quando pesquisava sobre a banda de moebius (tive um primeiro contato com a figura na psicanálise, mas me fascinei por ela diante de suas inúmeras geniais simbologias). obrigada por esse texto e parabéns!
ResponderExcluirAntes de virmos à Terra passamos por um "véu do esquecimento" . A banda de moebius se encontra , cartesianamente no centro de uma espiral e portanto atemporal. Seu desenho é apenas uma referência "morna", pois sua algebricidade não pode ser representada geometricamente. D-us também algebriza o inconsciente.
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